quinta-feira, março 30, 2006

POESIA A QUATRO MÃOS....


Hoje resolvi partilhar dois poemas de duas pessoas virtuais e grandes para mim.
Virtuais porque não passam de palavras trocadas via net, resumidas à quadratura do monitor...
Grandes porque é assim que gosto das pessoas, como das palavras...
Chamo-lhe poesia a quatro mãos, se calhar estou errado
Mas gosto do som limpido, os dedos nas teclas branco e negro do piano que não sei tocar.
Se calhar continuo errado, por gostar do som do piano. Podia gostar de outro som, mas este é especial, são as mãos que fazem amor com as teclas, logo gosto do piano e pronto! Já não falo mais nisso.
As vezes gosto de descobrir um poema dentro de outro, o tal mundo ao contrário...
este foi o resultado aqui exposto.
Penitencio-me da ousadia por ter profanado as vossas palavras.
Obrigado ao Sol obrigado à Lua.
NESTA MADRUGADA ( poema a 4 mãos…)

Nesta madrugada sem sono, nem sonhos
Igual a tantas outras
Olho o mar que me acordou
Com o seu lamento triste
E entoo baixinho, este fado
Que a vida me ensinou.
Olhando a pauta, e as notas
Em gestos repetitivos
Dedilhando uma guitarra
Muda
Que nada emite!
Queda e triste como um lamento
Nem sons nem gemidos
Nem ais por ti
Só meus pensamentos sentidos.

Reparo que nada tenho
Reparo que nada sou
Nem guitarra, nem canção
Ou a sombra de mim
Só o mar entoa o seu canto
Um cantar dorido
Que me embala lentamente
Como a mãe embala o filho
Nos seus múrmurios secretos
Conta-me segredos tais
Cadenciando nas ondas
A surpresa
A desordem do meu espanto
Tal é o estado de pranto
Nesta madrugada expectante
Poema partilhado por João marinheiro e Piedade Sol
do blog:http:/olharentonsdemaresia.blogspot.com
HOJE (Poema a 4 mãos)

Hoje...
Agora
Sim hoje...não ontem.
Neste instante apressado
Foi hoje...que senti o vento da manhã...
Revolto
Aquele que me solta os mistérios,
Em redemoinhos estranhos
Deixa abertos meus critérios, pelo gosto de desvendar
Os segredos
Sim! Foi hoje que o senti.
Neste instante único
Não ontem...nem será amanhã...
Nem antes nem depois
Esse vento que me beija o rosto,
Acaricia a pele
Me encanta o gosto...
Com um travo de mel…
Que vem de mansinho que abana as cortinas do meu sentir...
Serenamente.
Entra devagarinho beija-me num desalinho de sentimentos confusos
Excitação
Onde desejos difusos...me penetram a pele.
Como te queria sentir por dentro de mim…
Aiii...vento da manhã!!!!...Faz amor comigo...
Leva-me ao céu
Quero que sejas meu castigo
O suplício do prazer
Quero que me beijes por inteira
Aos poucos
Me embales na eira, onde madrugam os pardais.
E se juntam os rouxinóis
Aperta meus seios, sente meu corpo dormente
Que geme por ti
Diz-me que mesmo distante, não te sou indiferente.
Sou presente agora e aqui!
Quando chegas trazes contigo o sonho
O meu alimento de amor
O desejo de algo maior...
Tu por inteiro
Ai, se pudesses ouvir-me o olhar
Escutavas de olhos fechados…
Ou saborear-me os sentidos...
Provavas o gosto
Saberias que nem a poesia acalenta
O querer forte
O fremir dos meus desejos.
Anseios
Neste desvairo vens como brisa matinal é assim que me tentas
Os redemoinhos estranhos…
No desdobrar do corpo, no calor aveludado e subtil...
Onde te perdes em carícias de brisas
Quando meus sonhos se encontram com os teus e no vento da manhã se
beijam.
Unidos
Não posso imaginar outro momento que não esse, quando meu desejo te
invoca
E tu chegas
E ficas na parte de dentro do meu corpo...
Eu por fora de ti
Onde adormeces e acordas de mão dada com o meu amor.
Nesta cama em pétalas de rosas
Queria que o vento da manhã me contasse que cada gesto meu,
Repetido em ti
Me deixa entregue ao ardor da tua memória.
Que venero como relíquia
E neste beijo da brisa, enrosco meu corpo no sonho e abraço-me na tua ausência.

Poema a 4 mãos por João marinheiro e Ana Luar do blog:http:/aromasdemulher.blogs.simplesnet.pt/

10 comentários:

Lagoa_Azul disse...

Quem tem a serenidade na alma, de gostar de ouvir um piano, tem sentires do tamanho do mundo e da fantasia de viver para sempre…
Também eu me perco nos acordes de sentir o espírito e o tom, ao som de um piano…

Esses poemas escritos a quatro dedos e a duas almas estão lindíssimos, não tivessem quem os escreve, o coração a bater ao compasso de quem gosta de sentir a vida …

Bom dia, deixo-te beijos de carinho

Zeca disse...

Obrigado por partilhares estes dois poemas lindos. Gosto deste tipo de poesia escrita a quatro mãos, talvez um dia também tente. Gostei...

claudia disse...

Muito bonito:)

Bom fim-de-semana:)bj!

Zeca disse...

Voltei quero ler de novo este poema "Hoje", quero sentir as misturas do erotismo, com os toques de sensibilidade e magia, quando leio este poema, palavra por palavra, vão-se desenhando imagens de beleza e ousadia e paixão na minha mente... "é no sonho que está a Verdade,
é no unir-se de corpos que se oferecem e se amam enquanto a escuridão se vai..." Tudo que é bom, dura o tempo suficiente para ser inesquecível... Para realçar o que mais gostei, teria que transcrever todo o poema... sendo assim, deixo-te apenas um abraço.
PS: Ainda o virei ler novamente!

joão marinheiro disse...

Obrigado Arthur pelas palavras encorajadoras, mas o q faço por vezes no cruzamento de poemas é profanar outras palavras...
Abraço.

Anónimo disse...

As minhas palavras tornam-se grandes como tu gostas...porque se encaixam nas tuas mar...
Acho que ficou um encanto este nosso poemaa 4 mãos.
O vosso: teu e da Piedade está simplesmente magnifico....aliás aplaudi de pé, no blog da Piedade.
Quando a palavra se une, torna-se realmente grandiosa. Beijo eterno nas mãos que entrelaçam palavras em palavras.

Mia disse...

Aportei aqui marinheiro e gostei das tuas aguas, ora calmas, ora revoltas, mas sempre profundas.
Voltarei a navegar por aqui :)

Beijo

antónio paiva disse...

......simplesmente bonito.....

Bom fim-de-semana

Anónimo disse...

MAS QUE BONITO.
SÓ NÃO ENTENDO COMO FOI ESCRITO A 4 MÃOS, A MENOS QUE SEJAM 4 PESSOAS, PORQUE SE SÃO DOIS, TÊM DE ESCREVER COM DUAS MÃOS CADA.RSRSR.
A SÉRIO ADOREI MESMO.
ABRAÇOS.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

... agradeço ao João, a maneira como encaixou as palavras e os sentires...nestes dois poemas belissimos, agradeço também à Ana...