não me despedi de ti, levei-te comigo, dentro de mim, nunca te contei. Perdi o teu contacto. Escrevi-te algumas vezes mas as cartas foram devolvidas. Depois habituei-me também à tua ausência.
Sabes, eu acho que esta vida é feita de hábitos, de gestos, de rituais diários, que nos moldam, nos acomodam, e depois o tempo burla-nos, porque nos faz perder a vontade, nos faz ganhar medo de mudar, e vamos ficando, ficando, ficando.
As trevas avançam na memória e tomam de assalto o tempo. Adormecemos por dentro.
Morremos no coração…
João marinheiro , Palavras escritas, 2008
Fotografia de Barcoantigo em 2008