quinta-feira, dezembro 29, 2011


o tempo é um invento para que tudo não aconteça de uma só vez ...

Fotografia de Barcoantigo em 2008

sábado, novembro 26, 2011

sábado, outubro 29, 2011

domingo, outubro 09, 2011

As árvores ainda morrem de pé





Tu, remetes-te ao silêncio desse lado das palavras, não sei se é efeito da crise ou os tempos nostálgicos que nos afligem...
E eu fui embora faz tempo. A mim também se me esgotaram as palavras, ou as emoções.

Desculpas-me essa falta grave?

Todas as formas de estar tem algo de egoístas, já te deste conta...

Morremos e os braços, um do outro estão inertes. Vazios ao longo do corpo. Como um rio seco de água. A água é a primeira memória da humanidade.

Morremos na memória um do outro, sem memórias já! Só tempos presentes tão dolorosos e ausentes.
A ausência é um estado de dor que não se vê, não se explica, sente-se por dentro como um acido corroendo, espécie de sal na boca. Coexistimos em circulo então. Na tal memória redonda. (o sal dá sede e a sede faz com que procuremos a água, a água é a primeira memória da humanidade…) Somos quase água no ventre materno, quase, quase.

Cada dia é um adiar a angústia. Cada dia é uma batalha ganha ao tempo. Cada dia é mais um dia a descontar no calendário biológico da vida.
Um dia perguntei-te – O que é a minha vida sem ti?
Nunca me respondeste, e eu sobrevivi. Aprendi a viver sem ti.
Para enganar o coração com a tua ausência escrevia-te cartas, que nunca leste, confesso que nunca tas enviei, por não saber onde habitas. Sei só ainda o teu endereço no coração. No meu coração, mas o meu coração é manhoso e velho e cheio de manias estranhas, não é confiável porque cede e bate descompassado, e desliga-se deste tempo de crises e bate à tua porta de mansinho, leve, levemente, como diz o poema, “será chuva, será gente”. Não, não é chuva ou vento ou gente, é ele a pregar-me partidas de memória, a mostrar-me por dentro dos olhos, os teus olhos, o teu rosto, a tua voz, o teu perfume, a linha do teu corpo como uma vela alva de um barco que parte recortada na linha do horizonte liquido.

Também abandonei os barcos.

Talvez que essa seja a explicação para a minha falta de noticias, o meu esgotar de palavras, o meu tempo sem tempos e horas certas. Talvez? Não sei as respostas porque as perguntas, se é que existiram alguma vez, nunca tive a coragem de as pronunciar.

Abandonei os barcos, corria Dezembro quase natal. Percorri o fieiro da praia uma ultima vez a fazer o regresso a terra e os barcos varados na areia de proa ao mar a sentirem o vento norte frio de Dezembro repousavam. Não me despedi porque não gosto de despedidas, e posso voltar se eles me aceitarem com todas as imperfeições de que sou feito, e sonhos e promessas por cumprir. Ao menos que se cumpra o Mar como dizia Pessoa.

Tu remetes-te ao silêncio desse lado das palavras.


É assim que eu retomo o meu monólogo contigo a imaginar que é um diálogo, mas não é, nunca foi. É uma invenção da memória a ver se coincide com a tua memória de mim. Estou a repetir-me.
No fundo o que somos senão uma repetição, uma duplicação até à exaustão de nós. Alguém que me responda se souber a resposta. Eu não sei.

Preciso de encher o peito de ar, de exercitar os pulmões como fazia trinta anos atrás, de sentir o peito estalar quando numa vertigem mergulhava no azul profundo, foi o fascínio do mar. Depois vieste tu e foste o meu segredo, o meu fascínio onde mergulhei até me doerem os tímpanos e se alucinar o cérebro narcotizado.

Abandonei o mergulho. Pediste-me um dia na ilha ao luar.

Então eras o meu mar, a minha praia no cabo do mundo, o meu cabo das descobertas, o meu veleiro, as minhas travessias, as minhas viagens, a minha rosa-dos-ventos, a minha carta de marear. Eras a minha miúda do Porto, desse Porto revisitado agora, desse porto sentido, desse porto onde soltei amarras e parti rumo a sul, sempre a sul.

Ainda és o meu mar, e o coração ainda me atraiçoa porque te trás à memória como da primeira vez, à minha memória.

Pediste-me um dia na ilha e ainda sinto o fogo dos teus lábios.

Só a lua envelheceu, a ilha diferente e nós vazios.

As árvores ainda morrem de pé…



São Paio de Antas, Outubro de 2011

Fotografia de Barcoantigo em 2010

domingo, fevereiro 13, 2011

sexta-feira, janeiro 28, 2011

lentamente...lentamente...



Esgotasse-me o cérebro
Lentamente. Lentamente. Lentamente…

O barco sai à deriva liberto na corrente
Mar aberto sem fronteiras
As galhetas voando em bandos negros

Já não reconheço este mar
Nem a silhueta da ilha que foi minha
Oeste o rumo agora, oeste distante oceano dentro, mar adentro…O fim…

João Marinheiro 2011

sábado, janeiro 15, 2011

Love...

Imortal Leo Ferré