segunda-feira, março 06, 2006

IGUAIS















Agora todos somos iguais.
Agora não nos conhecemos, finalmente.
Agora não choramos, chovemos.
Agora estamos vivos porque morremos

As borboletas de vidro que engolimos,
Flores de lama que cortam dentro do nosso estômago,
Lágrimas na garganta engolidas a seco,
Escadarias de gargalhadas sangrentas e partidas,
O silencio como uma coisa sem importância,
Respiramos nevoeiro enquanto aprendemos a esperar.

E é no meio de todo este sangue,
Dos destroços que flutuam nas orbitas à minha volta
Que penso o quanto te amo mesmo que nunca tenha sabido amar-te.



Poema de Fernando Ribeiro do livro: «As feridas Essenciais»

Colecção Biblioteca Sonora

Edição da Quasi Edições Junho de 2004

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