sexta-feira, março 23, 2007

História de um carvalho calçado com o Pai Minho em fundo...

"Estou chorando en Portugal as minhas bagoas van ó mar
Esta chovendo en Portugal é o meu pranto cheo de sal."

Anxo Moure

Manual de intruccións

Para unha inmediata e boscosa revolución. Galiza, Setembro 2004. O país sufre as 30.000 (e pico) hectáreas queimadas no seu cativo veran (apagado pola fertil chuvia). Os bosques vizosos son hoxe ermas terras escuras de cinzas labradas. Precisamos da resistencia, necesitamos revolución, a revolución dos carballos con botas. ¿Queres participar? .
Pásao¡ Manual de instruccións:
1.- Sair de caceria cara un contendor de lixo, unha veiguiña fluvial ou unha praia esplendorosa para cazar unha (ou varias) botas vellas, furadiñas e aburacadas.
2.- Partir en bici ou camiñando cara unha carballeira rural ou mesmo urbana.
3.- Dar unha apreta a unha carballa vella e cantarlle unha canción anterga.
4.- Recoller en cesta de salgueiro unhas poucas landras (que nos chamamos belotas).
5.- Facer alto nunha horta recollendo un saquiño de terra.
6.- Inzar a bota de terra sementando dentro dela unha (ou duas) belotas.
7.- Humedecela con fecuenza o longo do futuro outono-inverno.
8.- Bendecila co sol da primavera.
9.- Agardar o nacemento do carballo anano no seu berce calzado.
10.- Levalo a unha escola para que os nenos vexan nacer e medrar unha árbore (autentica revolución ludico-pedagóxica) .
11.- Ceibala no inverno seguinte nun bosque ardido.
12.- Agardar cuarenta (ou cincuenta) anos.
13.- Festexar a revolución con máis apretas e cantigas modernas nunha fraga (por fin sen Fraga). (por cuestión de belotas, non de pelotas).
Asdo. un carballo calzado.
Foto de Barcoantigo

terça-feira, março 20, 2007

Nada sabes ainda...



Nada sabes de mim. Das minhas memórias esquecidas que invento hoje na tentativa de reviver a vida que sinto aos poucos se desprende do corpo cansado. Tu não sabes rigorosamente nada de mim
Das minhas memórias tão íntimas, das minhas músicas, as musicas que me acompanharam nos sonhos. As noites de insónia os amores proibidos. Porque tenho sempre amores proibidos em mim. Porque me sinto sempre uma ilha aqui nos sentires. Só, demasiado só. Tu não sabes nada de mim e não te dás ao trabalho de dedicares dez minutos do teu tempo para poisares o teu olhar em mim. Eu sei que é difícil de poisar o olhar, mesmo por dez minutos que seja para quem quer viver a vida a correr. Sei que tens pouco tempo e eu tenho todo o tempo do mundo deste e do outro que há-de vir eterno e sem tempo. Gostava de cavalgar o tempo por sobre as águas, por sobre os montes, por sobre as cidades, e todos os dias acordar numa distante e olhar nos olhos de outra mulher que não tu, que tens ares de feiticeira e me enfeitiças. Não sei olhar para outra que não sejas tu, e se olho nos olhos de outra são os teus olhos acusadores que vejo. Desvio o olhar, ou se insisto, é o teu olhar de novo que vejo e por não estares acordo. Abro desmesuradamente os olhos, sei que não és tu. Podias ser tu, disfarçada, a tentares-me como a serpente tentou o Adão. Mas não vivo no Paraíso. Vivo aqui nesta terra que não é minha, e é estranha. Sinto-me estranho aqui e ai. Mesmo quando estava à tua beira, nos breves momentos em que tudo parava e éramos só nós, me sentia estranho. Nunca te deste conta. Nunca reparaste que não te olhava nos olhos teus, nunca te falei com o coração aberto. Não sabes nada de mim nem dos meus medos, ou mais importante do meu amor por ti que é uma doença estranha. Não sabes dos médicos que já corri a queixar-me desta dor que sinto e não sei explicar. E todos encolhem os ombros todos me acham lunático, meio maluco. Eu aos poucos convenço-me disso. Meio maluco é o que verdadeiramente sou. Maluco verdadeiro.

Às vezes para me reencontrar leio um livro. Quando leio não sou eu. Afasto-me de mim e de ti. Às vezes choro a ler um livro. Porque não sou eu a ler o livro, mas um coração que sente e que ama. O meu amor é assim. Saudoso. Ausente até às lágrimas. Não tem cura. Os médicos não lhe encontram cura. O doido sou eu. E tu não sabes nada de mim e não queres saber. Nem dez minutos me dedicas do teu tempo sem tempo. Eu não me importo já. Espero eternamente. Na espera leio um livro. Outro. Só não leio os teus autores famosos, os autores da moda. Todo eu sou um marinheiro à moda antiga, portanto fora de moda já. Não sei se é por isso. Que possas ter vergonha de eu ser assim desta forma antiga fora de moda. Mas tu não sabes nada de mim e eu já não me importo.

Volto a um livro que me faz a companhia que tu não fazes. E fica-me por cá o poema a cair por dentro deste corpo magoado e deste coração cansado. Fecho os olhos e imagino as palavras que chegam como as águas de um riacho formado pela última chuva. Não sabes que o Inverno vai adiantado? E que hoje é um dia de verdadeiro Inverno, com chuva miudinha e vento e neblina daquela que nos faz estar vigilantes e atentos à navegação. Mas que sabes tu de mim ou dos barcos que amo se nem do meu amor queres saber. E as palavras do poema no livro que folheio fazem um murmúrio como as vagas de espuma cortadas pela proa fria do barco onde vou agora e me afasto outra vez….

...Vieram de longe. A pé
Na hora do sol sem sombra
E ensandeceram à procura da fonte
Agora vivem em casas de paredes grosseiras
E vestem-se de luto à espera da morte
É irremediável a solidão,
Costumam murmurar baixinho…*


São elas as palavras, que vieram baixinho na hora do sol no esplendor do zénite, na hora em que diariamente pego no sextante e tiro a posição exacta e depois de um emaranhado de contas e tabelas náuticas me reencontro no meio deste oceano de sentires. A água aqui é de um azul sem explicação. Uma espécie de vidro grosso transparente com reflexos brilhantes, espécie de adaga que corta e brilha ao sol. Os meus olhos estão cansados deste horizonte onde o sol se põe dormindo numa bola de fogo vermelho.


Foste o meu fogo. A minha ardência o meu calor. Hoje és um fogo-fátuo, um fogo de Sº Telmo. De ti ficam as cinzas no meu coração, a mortalha de pano-cru com que embalo o sentir.


* Quando as estevas entraram no poema, Graça Pires

João marinheiro 2007
Fotografia de Barcoantigo

segunda-feira, março 19, 2007


Ali o Atlântico...
Foto de Barcoantigo
Ao correr da vaga...
Foto de Barcoantigo
Velas de saudades...
Foto de Barcoantigo
Entrando a barra...
Foto de barcoantigo
Rumo ao sul...
Foto Barcoantigo

domingo, março 18, 2007

O tempo fora da lei…




O tempo é um fora da lei…O tempo que temos é um tempo bandido. Fugitivo. Disfarçado. Difícil de agarrar, não gosta de prisões, é livre. Solto.


Entre o nada vazio e o pouco prefiro o pouco. Tenho tão pouco, temo que esse pouco seja um quase nada. Quero-te e não posso querer-te. Porque te procuro sempre nunca te encontro, e quando te encontro, das raras vezes vejo-te de saída. Partes. Fico a olhar-te. É esse pouco que tenho de ti. O tempo é um bandido fora da lei. O olhar-te na ida. Mas nunca te olho na vinda. -Não vens! O tempo disfarçado…


- Espero. Mas espero!


Continuo a esperar. Espero que um dia possas vir e eu adivinhe que vens. Que regressas. O tempo aprisionado. Nesse dia vou ter o tudo de ti. - O tempo pleno.
- Espero!



Enquanto isso tenho de ti o pensamento perene como uma árvore que cresce com folhas verdes e viçosas. - O tempo ausente! Podes ser como uma árvore. Quero que sejas como um carvalho vagaroso no crescimento. Crias as raízes em mim e não te dás conta. Eu dou, mas nem tempo tenho de te dizer isso porque o tempo foge.


João marinheiro 2006
Fotografias Google

sexta-feira, março 16, 2007

Das andorinhas que partem...










Que sabes tu das andorinhas que partem
Do cheiro a erva cegada nos campos
Do sabor do pão saído do forno quente
Ou das mãos que acariciam o tempo
Que sabes tu disto e daquilo e do nada que sou
Queria morrer agora!
Morrer sem que tu saibas que morri
Para andares à minha procura como doida do tempo.

Que sabes das rolas na árvore no dia de chuva
Que vejo da janela onde estou
Que sabes deste mundo onde habito
De loucos
Hospício da vida
A minha vida sem ti tornou-me louco por ti.

Que sabes das flores, margaridas e papoilas
E trevos verdes no campo que olho diariamente
Agora que a primavera chega
As andorinhas voltam
E eu espero que voltes como prometeste
Quando partiste.

Que sabes tu! Que eu não sei?

Que ingénuo fui escrever-te cartas de amor
Não queres cartas de amor
Queres que te amem
Não sei amar-te! Não sei amar uma andorinha que parte?
As andorinhas amam-se com o pensamento
Acariciam-se com o olhar só.
Nunca senti uma andorinha nas mãos
Nunca fizeram ninho nas minhas mãos.

Que sei eu?

Sou demasiado rude e frio
Sou homem do mar habituado a acariciar as vagas de saudade
As ventanias.
Os medos
O frio e o sal nos olhos!

Que sabes tu!



…Às vezes nas travessias
Sou visitado por andorinhas.
Não são como tu, são Andorinhas do mar.
Dizem-me que chego a terra e quando chego, na primavera, procuro atracar naquele porto velho com pedras centenárias comidas pela saudade dos marinheiros.
Subo a rua estreita e íngreme e húmida em direcção à taberna velha com a tabuleta da sereia em ferro, sem cor, dançando ao vento com pequenos gritos.
Parecem gritos de sereias o chiar do ferro.
No beiral, escondido pelo ramo de loureiro seco que tempera o olfacto existe um ninho de andorinha que está vazio agora.
Penso sempre que és tu que o habitas mas sei que não…

Que sabes do queixume das flores
Do choro dos pássaros
Da ânsia dos amantes
De saber de mim que sou teu!


João marinheiro 2007
Fotografia Google

segunda-feira, março 12, 2007

As costas da mão…





Estava à janela. Chovia torrencialmente. Ele chegou, estacionou o carro em frente.
Viu-o chegar. Sentiu-o rodar a chave na fechadura. A porta abriu-se com um gemido. Ouviu-o reclamar! - Raio de chuva! - Raio de tempo este, morrinhento! – Só água!
Não disse nada, continuou ali costas voltadas para a porta, só a janela interessava. A luz cinzenta, húmida que alumiava o rosto e as lágrimas na face…
Hoje chove torrencialmente nos meus olhos.
Chove lá fora.
Parece que todas as lágrimas se juntaram na minha janela…
Ele disse-lhe:
- Isto é um jogo! (o pensamento voou como um relâmpago. As palavras ficaram a meio da garganta a sufocarem. Espécie de nó junto da maçã de Adão.Tu não existes! Eu de te querer tanto é que te imagino. Imagino-te tanto que te sinto quase real. Mas não existes. Eu é que insisto em que existas. Eu só!)
- Isto é um jogo ouviste!
Ela não lhe respondeu.
Com as costas da mão limpou as lágrimas. Virou-se para trás. Ele estava no meio da sala, mesmo no sítio onde o imaginava. Disse-lhe: -Vens buscar as tuas coisas não é?
– É, retorquiu. Mas o dia não ajuda. Chove. Está um tempo dos diabos…
Olhos nos olhos, quase uma ultima vez, uma despedida, uma ultima carícia. Engraçado. Nestes anos todos verdadeiramente nunca estiveram presentes os dois. Estavam os corpos, estavam as mãos. Faltaram sempre as palavras. Os pensamentos. Os dois mundos paralelos nunca se tocam para passarem a ser um só mundo dos dois. Verdadeiramente acho que se desconhecem por completo. Será que alguma vez nos amamos com um amor de verdade. Será? A pergunta é de difícil resposta e agora ela já não faz falta. É passado. O presente é este aqui e a chuva lá fora para nos dizer que é presente também. Este mundo que vejo, esta sala demasiado grande, húmida, fria, onde os dois mundos se atropelam. Não cabem já.
É tempo de abrir as portas, as janelas do coração.
O coração é um engano.
O coração é um jogo de sentires. O coração.

Olhou-o outra vez. – Porque dizes que isto é um jogo? Somos um jogo porventura? Que sou eu? Um peão e tu o rei que me dá o xeque-mate? Não gosto de jogos sabes disso.
Porque me viras as costas? Estou a falar contigo agora é a minha vez ou não? Já não tenho vez na tua vida ou tens de ver na tua agenda um espaço livre.
E ele disse com aquela voz profunda que a fazia vibrar por dentro ainda. Vibrações de vidros a partirem cortantes. Tinha de ter cuidado não deixar assomarem aos olhos o sangue das lágrimas. Não vá ele perceber e ter pena. Pena é a ultima coisa que quer que sintam por si. Acabou. Espécie de filme, sem guião. O emaranhado dos cenários, dos adereços, dos artistas. Uma espécie de casting, sem texto. Foi isso. Uma espécie de casting sem texto os dois. O filme. (Num flash passam na memória os nomes de todos os filmes vistos. Nenhum titulo é suficientemente bom para servir). Foram um filme sem nome. As lágrimas assomam de novo ao olhar, vira costas olha de novo a chuva lá fora e cá dentro bem por dentro de si. Limpa de novo o olhar com as costas das mãos, o sal correu na cara até aos lábios, sensação estranha o sabor acre, espécie de verão revelado nos lábios. Espécie de praia plena, deserta com a água ali salgada e morna. Quando foi a ultima vez que viu o mar? Pousa as costas da mão molhada nos lábios e bebe, bebe os restos desse mar salgado em lágrimas. Queria sair, sair dali para a chuva para o tempo de Inverno. Arrefecer até aos ossos. Ficar húmida de chuva, a chuva torrencial que cai, parece que o tempo sabe.
O tempo sabe. O tempo.
O tempo é um assassino. Mata! O tempo mata e eu morro aos poucos em cada salto do ponteiro no relógio silencioso da sala. Fechaste a porta do cuco, não gostavas do som do cuco do relógio na noite. (agora penso que não gostavas de muitas coisas, e eu deixei de gostar delas por gostar de ti) tenho de lhe abrir a porta, de dar corda ao relógio. Das poucas coisas que trouxe comigo. A memória da casa dos pais e do som certo nas noites a marcar o ritmo do tempo na aldeia na serra. Ali não se escutava o sino na igreja distante. Ali tudo era distante. Mesmo assim deste comigo. Mesmo assim. Perdeste-te para me encontrar, coisa dos destinos. Não acredito no destino, acredito nas pessoas. Acreditava. O meu acreditar em ti revelou-se um fracasso em todas as direcções. Porque me viraste as costas e saíste da sala?
Não consigo já falar-te. Só o olhar fala ainda a linguagem muda dos sentires. A linguagem dos medos das revelações tardias. Onde é que está o meu amor? Onde é que foi o meu amor? Não existe o amor. Existimos nós nesta sala e somos diferentes do amor agora. Nós e o teu perfume masculino e forte. Um exagero pensei sempre. Questão de personalidade dizias tu. Que interessa agora neste dia de chuva. Que me interessa a que cheira a tua pele. Que me interessa o arrepio sentido quando me passavas a face com a barba por fazer no meu corpo. (tenho de afastar estes pensamentos proibidos agora. Espécie de sexo desejado. Animal. Pareço uma gata no cio? Será que pensam assim nestes pequenos nadas enormes?) ouço-te a mexer nos livros no escritório, escuto as caixas dos cds a caírem com demasiado estrondo. Tudo é demasiado estrondoso hoje em mim. Ouço-te a exclamar – Merda de desarrumo! Fico a rir por dentro. Espécie de pequena vingança, pequena vitória. O teu mundo em casa foi sempre ali. Faltavas sempre ou quase sempre. Às vezes regressavas altas horas da noite impregnado com o cheiro a cigarro, regressavas e deitavas-te ao meu lado ruidoso sem o respeito pelo meu sono (quantas vezes fingi dormir. Quantas vezes te esperei horas seguidas e não vinhas e adormecia a arder no desejo. Espécie de sexo só?) e às vezes procuravas-me, sempre no princípio, sempre. Mas a vida é mesmo assim, o amor é mesmo assim. Eu penso que o amor é mesmo assim como a vida. Envelhece. Envelhecemos os dois no amor? Porra! Tenho trinta anos! Envelheci? Acho que não. Esqueci foi de viver, eu, e passei a viver em ti. Olha o resultado. Estás ai detrás dessa porta reclamando. E eu aqui tentando disfarçar as lágrimas olhando o nada lá fora.

Nem um carro passa nesta rua deserta hoje. E eu aqui a ver um filme à janela, espécie de porta por onde entramos e saímos os dois, demasiadas vezes, saímos demasiadas vezes já. Desta vez só tu sais e fechas a porta. Com tempo, depois de acordar do pesadelo vou reescrever o final deste filme duo que fomos. Acho que vou. Pelo menos tentar. Pelo menos não me esquecer de mim. Foi o que fiz esquecer-me de mim depois que acabei o curso. E agora que faço? Por onde recomeço. Afinal o arquitecto famoso és tu. Nunca exerci. Nunca quiseste. Quiseste sempre que te esperasse em casa, e eu fiquei esperando as tuas chegadas. As tuas chegadas cada vez mais longas. Nem sei quando me começaram a parecer partidas em vez de chegadas, tudo se tornou confuso. Disforme fiquei aqui andando de sofá em sofá abandonando-me nos livros de sonhos. Já não sei sonhar? Talvez? Tenho de reaprender tudo de novo. Onde fica o princípio de mim? Onde o perdi? Em que divisão da casa ficou esquecido. Nunca entendi porque querias viver numa casa tão grande se vivias no escritório. Tinha medo de deambular por todos os sítios nas noites frias em que não voltavas. Nunca te apercebeste. Nunca. Que te aconteceu? Que é feito do meu amor? Nunca te apercebeste que comecei a ter medo da ausência da tua partida eminente, que a tua chegada era sempre uma chegada no princípio da ida e que cada vez ias mais. Ias. Ias. Ias. Já não consigo estender as mãos para te segurar um momento. Para te atrasar um momento. Para te ter um momento. Para seres mais um momento na minha vida. Não tenho vida sem ti. Não tens momento para mim. Eu não existo. É isso não é? É isso? Já não existo em ti?
Porque me dizes que isto é um jogo agora porquê?
Que carta fui? A tua indiferença magoa-me. Agora é a minha vez.

Continuo a achar que as pessoas são egoístas. Usam-se umas às outras para atingirem determinados fins…Não sei qual foi o teu, se era para pôr-me triste e desiludida conseguiste. Parabéns…
Eu é que tento sempre não ver o que está visível. Mas sou assim, acredito nas pessoas. Tenho de mudar ou aprender. Guardo-te na minha memória porque lá só gosto de guardar as coisas boas.

Arrumaste as tuas coisas.
Vais embora e eu não te digo que ficas em mim. Um pedaço de ti que vai nascer.
Vou para outra cidade, onde não haja mar e as lágrimas sejam doces, a água não seja azul oceânica mas verde esperança. Tenho a esperança por dentro a florir como o arco-íris que via na serra. Tu não lembras. Eu não te recordo. Fica-me no ventre a tua memória que guardo como um tesouro de amor que foi e já não é.

Tens razão.
Tens toda a razão. Isto é um jogo!

Tu não sabes. Mas esta jogada agora é minha. As melhores cartas são as que estão para vir à mão. A mão é minha, sou eu que dou. Sou eu que baralho.


Tu não existes, acabas quando fechares a porta e me secarem as lágrimas nos olhos.

João marinheiro 2007
Fotografia Google