quarta-feira, abril 19, 2006

SE...


Se…

Descobrires a palavra para lá do vidro húmido
Embaciado e sem cor. Diria que
Meus olhos não querem
Essa partida imprevista e indesejada

Se…

Guardares o sabor para lá dos lábios frios
Para lá do tempo que existiu breve
Diria que ainda resisto a esse momento
Que se finou calmamente

Se…

Continuares o nosso passeio pela beira-rio
Amarfanho em mim este anseio de entrelaçar
Nas minhas as tuas mãos
E andar silenciosamente

Se…

Te sentares no nosso lugar a ver o por do sol
Relembro e revivo cada momento cada instante
E a ausência tua dói cá dentro
Sem cura nem remissão

Se…

Compreenderes a palavra para lá da saudade lenta
Meus olhos marejados de lágrimas
Esboçam um sorriso de um amor
Que começou antes mesmo de terminar

Se…

Entenderes porque amo
Porque sinto o peso e a dor
De nunca mais te voltar a ver

Se…

O amor.
Fosse simples assim
Como sou eu neste fim de tarde
Com esta saudade ilimitada
Sem poder compartir

João marinheiro ausente, poema partilhado com Piedade Araújo Sol

Fotografia de Barcoantigo

4 comentários:

claudia disse...

Se ...
O que escreves fosse publicado ,seria um best-seller:))

Bjs!

Anónimo disse...

Se...
Todos pudessem compreender!
Lindo, terno, doce, este poema partilhado.

Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! disse...

Visitei o seu blog marinheiro, e gostei, entrei triste, mas não vou mais triste, vou perdida nas plavras.
um abraço

Vanda disse...

"escuto a saudade que range nos cabos" e escuto a saudade que range em mim, do mar, do medo, do profundo, do sal que ficou invisivel na minha pele.
Apenas lhe sinto o peso.

Gostei muito!

Van