segunda-feira, julho 10, 2006

HOJE VOLTO...

I

Hoje volto renovado.
Chego agora mas nunca parti em definitivo.
Arrumei as ideias, descurei a saudade, deixei de ir em tua demanda.
E penso que agora, à velocidade que gira o mundo, as coisas do meu tempo de miúdo são um passado longínquo. Quando lembro as brincadeiras de criança, de como matávamos o tempo naquele tempo, parece que lembro de algo surrealista desenterrado em algum sítio arqueológico…Tempos modernos estes…Ás vezes até eu duvido do tempo passado…
Mas.
O importante é o regresso a casa. Aqui onde me esperavas de braços abertos, o coração cheio de amor, o amor que busco a tal perfeição, imperfeita por não ser alcançável. Um dia será.
Espero!
E agora? Que faço? Abro de novo a porta?
Espero noticias tuas que tardam. Para que espero eu noticias tuas. Sei de antemão que já não estás. Sinto-te em alguns momentos e sinto esta casa demasiado grande sem ti. Pois…descurei a saudade. Mudei, conheci pessoas grandes e pequenas, continuo a ser surpreendido pelas pessoas.
Passei de novo a dolorosa fase do sacrifício da escrita, quando sinto a tua ausência que dói ainda. Envelheci, e os anos tornam-me mais calmo, o coração ressente-se já. Ainda bate por ti a maioria das vezes. Não te dás conta? Não te dás conta de nada. És completamente insensível ao meu amor por ti. Já não sei se lhe chame amor.
Que raio de coisa esta…
Hoje para não jantar só coloco também o teu prato de porcelana azul em frente a mim no lado oposto da mesa, duas velas azuis completam. - Ah! Comprei um ramo de rosas como tu gostavas coloquei na jarra de cristal que trouxeste um dia e deixaste ficar. Sento-me imagino-te ai. Não me apetece comer e sinto fome, bebo dois tragos do vinho que trouxemos da quinta grande e tu nunca provaste por não gostares de vinho, gostavas de água fria.
Acendo um cigarro fecho os olhos. A primeira vez que te vi….
Nem sei como aconteceu. Atravessavas a rua perdeste a capa do sapato no paralelo e caiu o sinal e tu aflita, descalça, então liguei os quatro piscas e com o meu carro protegi-te, sorriste, acho que disseste um obrigado baixinho e olhaste para mim olhos nos olhos. Comecei a amar-te nessa altura, não me dei conta, quase nunca me dou conta das coisas importantes. Não me dei conta do importante que eras, o importante que és ainda…
Não me dei…
Vou sair, acho que a um bar qualquer, beber um copo e afogar-te dentro de mim esta saudade.
- Amo-te!

João marinheiro ausente Julho 2006

4 comentários:

Ana Luar disse...

Voltas-teeeeeeee João! Voltaste... Eu sabia que voltarias... eu sabia!

Su disse...

gostei desse regresso...
hoje andei por aqui....li..reli...gostei e vi um regresso
gostei
jocas maradas

Anónimo disse...

Não sei o que me comoveu mais se o teu regresso se esse exorcismo ao/do passado...
E pronto, disseste-o!
Sim, e porque o mar é imenso...

Claudia disse...

Parece que resolveste aceitar o meu desafio!
É tão bom sabr que voltaste! Mesmo nunca tendo partido.
É bom saber que respiraste fundo,
Que mergulhaste
E regressaste à tona triunfal!
É bom saber que arrumaste os teus armários,
Que olhas a vida em frente.
E acredita, que é muito bom saber, que um bocadinho de tudo isso foi por mim, ou melhor, foi por nós!
Cá te espero como sempre, para as boas e más críticas (mas isso tu já sabes!)!

Beijo enquanto te espero sem demora