sábado, janeiro 27, 2007

Em Bouzas vila marinheira na ria de Vigo...


Porque os projectos megalómanos geralmente não coabitam com a natureza mas com alguns só...
Resolvi trazer até vós este grito de revolta do povo de Bouzas, porque afinal a cultura marítima é de todos, o mar não tem fronteiras. As fronteiras são coisas dos homens. O mar quer-se livre como o sol. Sempre que se altera um lugar ribeirinho, um lugar piscatório em nome do progresso, da modernidade, (duvidosa na maioria), perde-se um pouco da nossa memória colectiva, da nossa identidade de povo atlântico, ficamos mais pobres e geralmente não damos por isso, só mais tarde sentimos a falta. Mais tarde quando é demasiado tarde...

Abraço aos mareantes daqui onde o rio abraça o oceano...



En Bouzas...
Roubáronnos a praia, co seu recheo
Roubáronnos o mar, cos seus peiraos
Roubáronnos o marisqueo, coa sua contaminación
Roubáronnos o solpor coa sua ponte
Roubáronnos a paisaxe co seu monstro horrendo
Roubáronnos as estrelas cos seus potentes focos
Roubáronnos o silencio co tráfico e as suas industrias.

Agora...
Quérennos roubar o recendo mariño cos seus aterramentos
Quérennos apestar coa chafallada da sua depuradora
Quérennos atravessar co seu trem chu-chu
Quérennos enganar cos seus contos infantis
Quérennos afogar cos seus escombros e lixo
Quérennos deixar sen ria co seu falso progreso

E fano...
Porque a sua cobiza non ten límite
Porque a beleza lles espanta
Porque son amigos do chapapote e o formigón
Porque ven o meio ambiente como unha mercadoria
Porque confunden os intereses das multinacionais cos do povo
Porque exproprian á xente para agasallar ás empresas
Porque enchen os petos destrozando a ria
Porque violan impunemente as suas próprias leis
Porque mercan as vontades dos infelices en venta
Porque estan enfermos de indignidade
Porque quen sofre somos sempre nós: os peixes e moluscos,as gaivotas, as veciñas e veciños a xente que vive do mar e a mai natureza.


E nos berramos...

Basta de roubos
Basta de cacicadas
Basta de recheos
Basta de contaminación

Veciñas e veciños de Bouzas

Texto e foto em:http://www.bouzasmovete.org/

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou a ver o futturo da humanidade à escala microscópica. O grito do povo de Bouzas é o grito do mundo inteiro. Mas o próprio mundo faz-se surdos aos seus apelos. É apenas mais uma realidade triste.

Um abraço sentido e consentido ;)

Anónimo disse...

O selo da humanidade chama-se perversidade...
Quando parecemos estar no esquecimento de qualquer milagre...exaltamo-nos lamentavelmente, com lamentos à Tal esquecimento...
Mas que divindade não esqueceria essa tal raça humana... tão desumana?