segunda-feira, novembro 20, 2006

A todos os Merlins mágicos e não mágicos…


Sabes Merlin, desconheço por completo o tal poeta que é marinheiro.
O homem é outro...

E esta é uma primeira vez…

...O marinheiro enreda-se nas malhas de uma rede que suspensa continua a matar abandonada em qualquer fundo oceânico. E o homem sabe do que fala por experiência própria e dolorosa, quase um peixe emalhado e sem ar...

Nostalgia quem não tem. O primeiro que disser que não, mente com quantos dentes tem na boca, ou não tem coração, inclino-me para a primeira hipótese...

Sabes Merlin, tens, adoptas, nome de mágico, não gosto de coisas mágicas porque me ultrapassam, e serem então um nada.

Se conhecesses o poeta que habita por aqui não consideravas doentes os seus amores, porque são vários, de varias cores e formas e aromas, e no princípio são todos brancos. O branco é puro, portanto não existe a doença, a doença existe em nós enquanto seres em mutação e impuros, egoístas qb.

O poeta é puro. Eu que te escrevo que sou o homem que deixa o poeta aqui verter as emoções, já há muito tempo me dei conta da sua pureza. E sou impuro. Não o questiono. Ás vezes troco-lhe as voltas. Tiro-lhe a palavra, arrumo-o a um canto como uma coisa inútil, fora de moda.

Pergunto-te a ti Merlin que assumes o nome do mágico prodigioso, será inútil o amor? Será?

Não concordo que o amor dure enquanto dura. Amor não é isso. Não devemos usar a palavra amor a esmo, voltamos a outra palavra que também usamos a esmo e que não é isso, e o isso, é redondo. Usamos a palavra deus como quem fuma um cigarro ou cospe para o chão, e deus como eu o concebo também não é isso, amor também não é isso. (Por isso como diz a APC temos no nosso vocabulário a palavra saudade que não se diz em inglês por não saberem o que é saudade, e saudade também é amor, um amor estagiado, como um vinho antigo envelhecido em cascos de carvalho num lugar fresco e húmido para que o sol não o perturbe…)
Amor não é isso. Não pode ser restrito a quatro simples letras que vistas de um lado e de outro, de cima para baixo e de baixo para cima nada nos dizem. Amor não é isso!
Se eu que sou homem, soubesse o que é o amor era um felizardo, rico, luminoso…

E já vou por aqui a divagar. E não devo…

…As amarras do marinheiro já há muito se partiram de encontro ao cais. Naufragou o velho navio. Nada existe já que não a memória e os locais de atraque. Poucos, que a paisagem muda. O betão dá lugar ás pedras centenárias. O aço ocupa o lugar da madeira na couraça que nos envolve como um casco trincado. A ossada já não existe por dentro. Como vamos ter coração dócil assim duros por fora?

Quem somos?

Para onde vamos?

Também eu me interrogo. Questiono o poeta. Desespero porque não me dá respostas concretas. E gosto das coisas concretas. Mensuráveis aqui hoje ou amanhã ai.

Hoje apeteceu-me responder-te a ti Merlin, e a todas as outras PESSOAS, assim maiúsculas, grandes, porque ainda acredito nas pessoas, e existe sempre uma primeira vez para tudo na vida, pode é o momento não ser o certo. É o risco que se corre pelo facto de estarmos vivos, sermos seres pensantes, termos um coração que bate e outras coisas mais. É o risco que corro ao ocupar o lugar que não é meu, mas do poeta que habita aqui, merecedor ou não, das palavras, dos elogios ou das acusações. Porque as palavras são isso só, símbolos que o homem perpetua e que ficam juntas com o poeta ou proscritas. Amadas, veneradas, recordadas ou, apreendidas, queimadas, amordaçadas. Alguém disse: - Mandai calar os poetas! E eu digo que no dia que isso acontecer, no dia em que o último poeta se calar, exala-se o último suspiro da vida e tudo acaba, e então, o tal amor que o poeta aqui fala e que motivam as minhas palavras neste momento, o tal amor branco deixa de existir, e o negro das trevas envolve-nos como uma veste, espécie de Burca, e o século que é XXI regride para a idade das trevas, espécie de idade media onde o amor se conquistava pelo vigor da lâmina da espada empunhada, e em nome de um Cristo que não o é, se faziam as matanças, se queimavam nas fogueiras inquisidoras as vozes e as palavras dos poetas e por ai adiante…

Depois não querem que aconteçam os cataclismos, os fogos divinos, os tsunamis…

O poder da palavra…

O poder da Musica…

Hoje está de novo por ai o novo álbum dos Beatles, Love de seu nome, um hino ao amor, ao amor que dura… Um dia conto como recordo a primeira musica que escutei deles num rádio a pilhas em cima de um carrinho dos gelados quatro décadas atrás. Mas presente como se fosse hoje. Não será também isto um amor? Não? Para mim é um amor com cores, sons, aromas…

…Deixo que o poeta por aqui navegue mesmo ausente, os poetas são assim, incompreendidos, mal amados, odiados. Ás vezes escrevem aquilo que queremos ler, aquilo que precisamos ler. Uma palavra de carinho, um incentivo, um abraço, então nessas vezes em que se lêem são uma espécie de anjos por quem as mulheres principalmente, se apaixonam, porque na verdade Merlin, o que existe mesmo é um enorme défice de amor entre os humanos…

Abraços aos viajantes com memórias mesmo virtuais…

PS:

Palavras recomendadas para estes dias:
“O amor é fodido”, de Miguel Esteves Cardoso

Musica:
“Escritor de canções” do Sérgio Godinho
João

10 comentários:

Anónimo disse...

Sabes que n aceito essa recomendação. Acho que o amor não é fodido. Porque se o fosse não terias escrito o que escreveste.
Para mim o amor é branco, também como sabes, e logo não posso estar de acordo com o que diz o MEC.
Da música, sim!

Anónimo disse...

Que Merlin? Que importância têm os Merlin's e o que digam os Merlins? Estamos perante um João Marinheiro verdadeiro e um João Marinheiro cópia do primeiro? É o que devemos entender? As farsas existem e os Merlins também, nos contos mágicos mas nesses, os merlins apenas mexem o caldeirão das poções mágicas.

Nina Maria disse...

Como diz um poeta: "Nem o amor que não compensa, é melhor do que a solidão".

Sinto que é muito ruim ficar tentando determinar o "amor". O amor pode ser "fodido", "branco", mal pago, sublime ou mágico. (etc, etc, etc).

Que vivam os poetas!

Salve, salve o marinheiro!

Muita luz,
beijos.

Maria disse...

Passei... para comentar o post em baixo.
Fica bem

Ana Luar disse...

Merlins, feitiços, feiticeiros, Amor, branco, ou negro... Amor fodido, ou não...
Admito que o texto está lindo.

Ps: Quanto ao Miguel... sabes bem a minha admiração pelo dito... especialmente pelo livro... e realmente o amor é fodido...

por ele se vive por ele se morre.:)

Jokinhas marujo amigo

Kalinka disse...

Ai...o Amor não é fodido...
as pessoas sim
não sabem Amar
hoje amam, amanhã odeiam
brincam com os sentimentos.

Beijoka marujo.

Anónimo disse...

Não devemos atacar os Merlins.. bem o Merlin é o mago do meu tempo mas neste caso tenho de admitir que gosto da resposta do João ao Merlin, se bem que quero ver as coisas de um modo pacifico, como que um esclarecimento e nada mais. Tenho a certeza que o Merlin terá uma ideia de lidar com o amor de forma diferente.. ou nunca o sentiu ou sente, ou nunca teve um desgosto que lhe rompesse verdadeiramente a alma. Porque senão saberia que o texto do João tinha toda a razão de ser. E também saberia que podemos aqui representar um papel. E sobretudo saberia uma coisa ainda mais importante: que ninguem pode nada contra o amor. O sentimento está lá e escapa a qualquer censura. Pode acusar-se de um acto, de uma palavra que pronunciou, mas nao se pode acusar de sentir amor simplesmente porque não tem qualquer poder sobre ele.

E para ti João um beijo ;)

Anónimo disse...

Que importância!! obrigado mas não a merecia, afinal a estrela és tu, eu sou um simples mago, que juntamente com outras personagens vagueiem pelo limbo... não entendeste o meu recado... Tu nunca foste incompreendido nem mal amado, quanto ao odiado?? Teria que ser um Deus e eu sou um simples mago.
Aquela do défice também não concordo, o que existe na realidade é muita falta de sinceridade, muita traição, e o mundo até poderia ser melhor se o amor (sempre o amor) funcionasse como deve ser!!
Perguntas-me se o amor é inútil, claro que não, até um pobre mago o sabe (sou um apaixonado por Malory, já deves ter ouvido falar nela...) pergunta a Morgaine se ela não é da mesma opinião que eu?
Nostalgia, todos a temos, só que tu abusas dela, um poeta não tem que ser propriamente uma espécie de mártir .
Por ultimo, tenho pena que não gostes de coisas mágicas, porque o que é o amor? Uma magia!! Tenho pena que não consigas entender.
Espero que esta minha resposta aquilo que escreveste não te deixe “nostálgico” tu mereces acabar a tua busca e ser feliz!
Quem sou? Um mágico, astrónomo, sábio, mas também um vidente, mas sobretudo um profeta e as minhas previsões acabavam sempre por acontecer
Bem a conversa já vai longa e está na hora de ir para Celidon (adoro passear por esta floresta, coisas de mago...)
Um abraço

PS. Virei sempre que me for possível.

APC disse...

Meu querido, meu querido...
Enfim... Sentiste e escreveste. É mesmo isso que o escritor faz!
Orgulha-me as três letrinhas de amizade que acolheste no teu texto, e sim que há déficit de amor e também por isso muitos não sabem do que se fala quando se fala. Dizem coisas como "amar com conta, peso e medida"; "com os pés na terra"; "amor é um jogo de cedências"; "não há amores verdadeiros". Pois que seja um engodo, esse amor que se sente. Mas que nunca o sintamos que o é! Porque senti-lo como verdadeiro é o que nos dá, a nós humanos, a veracidade possível e o sentido de viver.
Um beijo fraterno para ti, poeta do mar, contemplador amante.
Um dia conta-me essa história dos Beatles! :-)

Anónimo disse...

Me sinto como merlyn, o mago da natureza,presenciei tanta beleza ao ver a vida,mas minha varinha de condão só realiza meus desejos na minha mão,esta faltando magia para compartilhar desejos,acho que minha espada e a escalibur só que a mulher rainha não chegou para tirar ela da minha cueca para realizar feitos de conquistas e reinar absoluta no lar de nossos sonhos.