segunda-feira, agosto 28, 2006

O teu regresso...



Lentamente retorno ao sossego dos dias desesperadamente iguais.
Voltaste.
Dizes que voltaste,
e eu não sei se me alegre ou aguarde que te reveles.
Dizes que voltaste.
Demorou a reconhecer-te, vens diferente, distante, mais tu menos eu.
Estranho o que a ausência provoca em nós, uma reacção química complexa o que a ausência filtra em nós.
Deixamos de ser néctar para existirmos como seiva bruta de sabor estranho, ácido que embriaga. Espécie de bagaço de cana que liberta o espírito.
Lentamente retomo aos dias iguais de roda de ti, mesmo que ignores que eu vivo, respiro, ocupo um espaço próprio em mim.
Mesmo que ignores.
Ou finjas.
Lentamente retomo a escrita para me lamentar?
Um lamento parvo, inútil, desnecessário já.
Acabaram os tempos dos lamentos, da escrita sentida. Mas fica uma dúvida, se hei-de lamentar a tua ida com a consequente falta de notícias, ou o regresso que anuncias. Dizes que voltaste.
Renovada.
Diferente.
Mais ácida.
Fico com esse sabor agridoce no pensamento, logo vens diferente.
Não me importo, o importante é o teu regresso mesmo que eu já tenha partido faz anos.
Esperava-te com ansiedade porque a tua ausência fazia tempo.
O tempo que não tenho já meu
O tempo que não me pertence.
Hoje é dia do teu regresso…
João marinheiro ausente
Fotografia Google

7 comentários:

Maresi@ disse...

Ola:)))
Gostei mt desse poema apesar de "sofrido" ! Essa incerteza,essa incognita...apesar de ansiedade ke se avizinha!
Agradeço tua visita ao meu recanto...

Deixo beijo_________Maresi@

Ana Luar disse...

Não lamentes João... Vive!

Todos nós nos renovamos depois de umas férias... por isso seria bom que essa renovação chegasse tambem ao interior da alma... Essa que muitas vezes perdemos e tão dificil é de achar.

Não questiones... Sorri!
Não desconfies... Aprende!

Não Dessasossegues... pk tudo entrará novamente no seu ritmo natural.

Beijos meu querido amigo... Agora de volta ao ritmo do trabalho diário.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

...um poema de desamor, diria...mas não direi...

Su disse...

o regresso nunca é o mesmo---
jocas maradas

APC disse...

"O tempo que não tenho já meu." (cit).

O tempo, esse, o do calendário, é um intrujão. Vale o da alma, que é o nosso!
Podem passar-se anos, sem se passar nenhum, entre o momento que foi e aquele em que o lembramos.
Porque não houve corte; a linha continua, sem início ou fim; feita de um sentimento, um só punhado de momentos, um só tempo...
É o tempo do amor, porque o amor não tem um tempo. Por isso temos todos tempo de amar.
A questão nunca há-de ser temporal. A questão são os temporais!


(Ainda por publicar).

Anónimo disse...

O tempo muda-nos, a sua passagem nunca é em vão.

APC disse...

O tempo é o filtro de qualidade que vamos conquistando; para nos tornarmos melhores... Mais sós (mais vezes sós, mais sós a cada vez?...); mas também mais certos de que somos felizes se um dia o formos...
E mais capazes de, a sós, sonharmos o mundo...!