quinta-feira, maio 17, 2007

Principia tudo do mesmo modo...



Vieste possuída de todas as palavras. De todos os momentos plenos e partes em silêncio, quase como o larápio que apaga os rastos na casa profanada
Que leviano é o mundo
Que leviano é o sentir
Que levianas as palavras



As palavras tornam-se desejos demasiado pesados em nós
Do outro lado o tempo é um tempo demasiado efémero
Por vezes sentimos a corda nas mãos e na boca como uma mordaça
As palavras ficam a meio da garganta
Só o pensamento é livre e solto, e o regresso é um regresso que se desconhece



Ficamos temporariamente felizes, diria até anestesiados, esquecidos dos dias, das dores, das ausências



Preferia que nunca tivesses vindo
Esta é a forma de me magoar de novo
A desilusão que são as pessoas
O que são pessoas na nossa vida
Momentos breves?



Não posso amar-te com o amor com que amam os amantes
Pela madrugada sob os lençóis de uma cama de terceira categoria
Não posso amar-te com o desejo substituto da paixão animal de um lobo predador
Não posso amar-te com a violência no rosto demasiado lívido
A dor que perdura nas palavras findas



Os olhos demasiadamente abertos
Um rodopio de cordas por dentro do corpo
Todo ele range. Desfalece



As deambulações perdido por aqui
Altas horas da noite
Já não estás
Porque partes sempre?



Só o poeta vive em mim
Só ele é eterno e amado
O amor precioso
O amor preciso
O amor forte


Só ele sabe ver onde o olhar se confunde com o sal espelhado
Nas paredes rubras da saudade
A definhar no horizonte.


João marinheiro 2007
Fotografia de Barcoantigo

10 comentários:

rtp disse...

Mais um post belíssimo! Não me canso de o ler, joão marinheiro!

Anónimo disse...

Voltarei para comentar tamanha beleza neste Mar de sentimentos!Nesse momento falta-me as palavras.

Maria disse...

Porque me angustio às vezes, quando te leio?
Queria tanto escrever o que senti, queria tanto tirar este nó que quase me sufoca...

Um abraço apertado

Ana Luar disse...

Infelizmente João as pessoas cada vez mais são momentos breves. Ficamos nós marujo... os amigos, os amantes da palavra.

Beijo para ti com desejos de uma Boaaaaaaaaaaa regata. :)

Anónimo disse...

...Poeta?

Não!...

...Hoje comparo-te a um livro de cabeceira
Uma raridade
Uma jóia
Um eterno amigo!
Todas as tuas páginas estão escritas com infinita riqueza
Que acalma
Enriquece
Eleva à uma profunda paz
Até o momento desconhecido... A morte de mais um dia!

Sempre leio-te
Um abraço sempre...

Cinza disse...

sem palavras... a sério!!!...

isabel mendes ferreira disse...

tão belo....Poeta.













beijo.

tb disse...

Sim, poeta, só o amor eterno e verdadeiro...
Abraço enquanto olho esse arrear das velas e sorrio

Eme disse...

Têm de ser breves os momentos,para deles guardarmos tudo. E têm de ser breves porque também são curtas as despedidas.

Um abraço prometido ontem, meu marinheiro

filipelamas disse...

Este marinheiro está cada vez melhor!