quinta-feira, fevereiro 08, 2007

das palavras I...


Queria dizer-te pela enésima vez que já não é só a tua ausência que me dói. Já não. Já não sei se dói. Já confundo a dor com a tua partida.
Não! Não acredito que te tenha perdido da maneira que dizes. Mas as palavras não são tuas. Não é possível ouviste! Afastaste-te demasiado. Não te queria tão longe. Gostava de andar de roda de ti. Tu não deixas já. Dás-te conta?
Engraçado. Tu estás. Tu estás aqui onde sempre estiveste, no mesmo sítio. Eu é que não. Eu é que parece que estou do outro lado do mundo. Muito, mas muito, mas muitíssimo muito longe mesmo. Onde parece que estou já não dás por mim. Aos poucos vou ganhando essa certeza que cresce lentamente.

E eu acho que devo andar pela Indochina, na Conchixina, ou mais longe ainda na Patagónia, ou ainda mais longe, na Micronésia, com o mar azul e uma pequena ilha. Eu estou ali. Na ilha minúscula onde só cabe um coqueiro e a tua memória.
Eu enlouqueço de solidão e morro de saudade.
Já não escrevo porque me inspiras. Escrevo porque me desesperas.

João marinheiro 2007
Fotografia Google

2 comentários:

Anónimo disse...

Escreves porque julgas que os teus pensamentos te estão a fugir. Descreves os teus pesares, a tua saudade, enervado, porque te convences com o tempo que a perdeste. O "ontem" é uma grande árvore e tu estás sentado à sua sombra, sempre a recordar. E os teus olhos ficam adormecidos nas recordações. Por isso escreves: para as deteres, para as fazeres falar e depois calar e a água que te rodeia nessa ilha deserta aprisiona os tanques ocultos do teu coração que amanhã ou outro dia terás de fazer submergir, meu marinheiro!
Abraço-te.

tb disse...

ó João, a tua sorte. Assim já não morres de fome. Agora fiquei com vontade de ir até essa ilha e partilhar contigo uma aguinha de coco. :)
Brinco mas para te dizer que não estás só como sabes. Por isso anima-te lá, homem!
Beijinhos