quarta-feira, agosto 23, 2006

Vês a gaivota que vem ao sabor da brisa húmida de norte. Vês?
Trás as asas do desejo. Já passou o porto de abrigo, o porto onde repouso da viagem e retempero as forças, saro as feridas.
Pedes-me que parta de novo...
E eu vou, uma viagem pelos sentidos com o sentimento à flor da pele. Já não vou só, deste-me a mão. Ensino-te os caminhos, o lugar das coisas nos seus sítios, aprendes a sentir a alma do velho barco... E eu estou lá em cada ranger das tábuas, em cada roçar das velas pelos brandais...Ensino-te a pegar no leme, a olhar a agulha, traçar o rumo, perscrutar o horizonte, ver nas nuvens o anúncio de borrasca, nas andorinhas do mar o aproximar de terra. Aprendes a amar o meu mundo azul e os temporais, as calmarias imensas. Somos de novo crianças, corremos na beirada da praia, apanhas estrelas e conchas vazias que guardas junto ao coração. Faço barcos das cascas de pinheiro que partem, e eu vou junto vogando nas ondas...Chegas-te a mim, e então retorno ao porto de abrigo. Dás-me a mão, continuamos sorrindo, a gaivota perde-se no horizonte...
(…Escrevo porque me inspiras...)

7 comentários:

Su disse...

me fez recordar coisas boas..tempos idos...
valeu
jocas maradas

APC disse...

Mais que isso, escreves porque respiras. Escreves ao respirar. Nasceste respirando e renasces escrevendo.

Ana Luar disse...

Entre o ensino e a aprendizagem meu querido João, encontra-se a palavra amor.O mesmo amor com que escreves o bater da saudade.

Cinza disse...

É refrescante ao ambiente marítimo em que nos fazes mergulhar... Escrita feroz, escrita de mar...

Claudia disse...

Cheguei e li-te. Tudo aquilo que perdi nestas semanas. Pelo menos aquilo que pode ser lido...

Devo dizer-te que cada vez gosto mais de te ler. Cada vez gosto mais da tua escrita.

Sorte a nossa saber que te inspiram assim à escrita!

Palavras muito bonitas meu João (e que saudades tinha de escrevê-lo), tudo o mais digo de outra forma. E é tanto...

Beijo enquanto a ausência terminou mas espero que não suceda o mesmo com a inspiração

APC disse...

João... Incluí as tuas Memórias nas minhas Camuflagens. Porque gosto de as ter por perto.
Espero que não te importes.
Um abraço.

APC disse...

"Tu és o cheiro a terra lavrada que se sente molhada nos dias de chuva"...
... Este homem sabe!!!
:-)