O poeta é uma espécie de bicho
Ser irreal
Rodeia-se de palavras
Para se sentir pessoa
Morre aos poucos na saudade
Só o querer-te ainda lhe permite a sobrevivência
Dolorosa do amor que tarda
Do amor que se faz tarde
Do amor que não é.
Não descobriste o homem
E eu desconheço a mulher que há em ti
Resta o poeta para juntar as palavras ditas
Dispersas pelo vento
Morre aos poucos o poeta
Acho que já te disse tudo
Te escreveu tudo
Das diversas formas possíveis
Não me dei conta de te teres dado conta
Das suas tentativas de te dizer da palavra.
Amo-te!
Ainda…
João marinheiro 2007
Fotografia: Nuno A Monteiro/www.olhares.com
7 comentários:
Poético resumo da poesia que ficou por ser!...
Morre o poeta aos poucos...à procura das palavras que não quiseram ser ditas.
abraço sem palavras
Olá João Marinheiro,
Tu, na poesia, és o exemplo acabado de um homem de um só amor.
"Old loves die hard" é o nome de um álbum de um grupo musical da minha juventude. Se um dia fizeres uma colectânea dos teus poemas, um título semelhante assentar-lhe-ia "que nem ginjas". :)
Beijinhos e, por favor, repara que não estou, de forma alguma, a brincar com os teus possíveis sentimentos. Atrevo-me, apenas, a aligeirar a mágoa que pressinto sentir...
Um abraço também.
Ausente de qualquer outro pensamento, esse "amo-te.. ainda" soa com uma nitidez absoluta, porque não é pouco.. é tudo! E o resto dispensa palavras se estas, que poucos ousam pronunciar, têm poder suficiente para instintivamente se soltarem de um poeta eterno apaixonado, e de consumir até o coração mais duro..
Macio esse encontro de poesia..
Bom fim de semana
O poeta é um bicho bom.
Faz seda com as palavras e sai muitas vezes do seu casulo...
(Tu já fazes parte da comunidade borbolítica?)
:)
Morre aos poucos o poeta...
Se soubesses, João, como senti este poema...
... como o senti, cá dentro...
Ainda...
Um abraço
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