já não sei, perdi-lhe a conta.
Tens os anos do sentir, os anos da memória.
Habitas em mim e fazes anos sempre que queres e sempre que contigo partilho a Luz.
Estás ai e aqui ao meu lado.
Uma espécie de amor secreto que só as mães sabem partilhar.
Mas o facto é que tenho saudades tuas.
Da tua presença física.
Hoje dei-me conta que partiste cedo demais.
Eu sei.
Porque me disseste depois, num dos raros regressos do espírito a mim, que a tua hora era aquela, que estavas sofrendo agarrada a um corpo inútil já, e que a tua alma/espírito livre tinha de ir.
Haja o que houver espero sempre que voltes e que estejas aqui ao meu lado enquanto escrevo de novo para ti.
Ontem andei no mar da Póvoa.
Estes dois dias são de memórias e de recolhimento interior.
Ontem enquanto a lancha entrava a barra de todos os medos e todos os naufrágios, olhei a nossa antiga casa, a janela do meu quarto.
Quase que juro, que eras tu e eu que estávamos de novo à janela como fizemos tantas vezes nos dias de temporal e regresso dos barcos.
Lembras ainda o naufrágio dos meus companheiros naquele Inverno tão rude.
Ontem na quietude do vento lembrei-me deles e de ti e de mim.
As memórias tão por dentro sentidas. Espécie de fantasmas na memória
Sabes Mãe…
Faz demasiado tempo que não te escuto.
Mas sei o som da tua voz em mim.
Por isso aprendi a não sonhar quando durmo.
Porque sei que velas por mim e que sofres se te chamo.
E porque tudo parece confuso mas não é...
Porque a luz é branca a tua luz.
E hoje, nas minhas memórias ao ver esta foto amarelecida pelos anos recordei as palavras que te escrevi três anos depois de teres partido, e como hoje serias menina de novo, e porque escrevo porque me apetece sem ter de dar satisfações a ninguém dedico-te estas palavras outra vez
Ainda não consegui dedicar-te outras...
Teu filho, 15 de Agosto de 2007
13 comentários:
Tenho um imenso nó na garganta, João, e dos meus olhos nasceram rios que um dia afogarão todos os nós no meu mar. Os meus nós todos. Um dia....
Um abraço sentido
Um sentido abraço!
O Mar e a saudade são palavras carregadas de momentos e sensações tão lusas, tão nossas, tão portuguesas...
Senti as suas palavras como não as sentia há muito.
Gostei muito.
Gosto da sua escrita.
É cheia de alma.
Tão lindo João... Tão lindo!
És unico nas palavras........ e tb na forma de amar.
Beijos de uma amizade eterna....
Recordações sentidas. Lembranças sempre presentes. Homenagem merecida a quem tanto se ama.
Grato pela visita.
Um abraço
Meu querido Poeta
Um beijo em seu coração
sem palavras
só emoção
jocas maradas de mar
Posso dar-te um abraço?
As memórias são parte de nós, sempre e sempre, sempre.
Abraço-te João.
Sim João, ela é uma luz branca que vive na tua memória. E por isso e apenas por isso ela vive. Em ti sempre!
As tuas palavras tão belas repletas de sentimento. Ela muito se orgulha delas. :)
Abraço sentido e profundo de solidariedade
Deve ter sido bom a tua mãe ter-te tido como filho.
Um abraço.
Que feliz deve estar ela com estas palavras... Um abraço forte.
Fiquei só assim, tempos e tempos: com os olhos postos... No mar em que navegas (e que eram lágrimas); no horizonte onde tu vos viste à janela (amigo-menino); no branco das letras, de que é feito a luz daqueles que se ama; no preto do fundo desta folha que é como a noite que cai quando a saudade doi assim.
Lindo, João!
... Linda, a Mãe.
... Lindo o Amor.
E essa forma, tão simples, tão forte, tão completa e definitiva de o dizer.
"Tens os anos do sentir, os anos da memória. Habitas em mim e fazes anos sempre que queres"...
Um beijo amigo.
Andei por aqui a navegar pelas tuas águas múltiplas.
Gostei dos espaços que vi; porém escolhi este (para deixar uma palavra a dizer que escreves bem, escreves bonito) pela singeleza, pelo carinho, pela imagem bonita de veres tua mãe «menina de novo».
Um abraço
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