Hoje almoço sozinho. As minhas pernas procuram instintivamente as tuas, os teus pés. Encontro as pernas de aço da mesa. Estendo as mãos, amarfanho a toalha de papel. Ajeito o teu prato acerto os teus talheres. Dobro de novo o teu guardanapo. Na mesa em frente deitam-me um olhar de espanto, comentam sorrindo baixinho. - O gajo é doido, está a falar sozinho.
Eu sei que sou doido. Que fico doido. Que endoideço. Mas hoje almoço sozinho e o ritual é o mesmo, só o teu olhar não…
João 2007
Fotografia de May Garcia
7 comentários:
A agonia da "solidão"...
Uau... acho que vou passar a ser mais assídua por aqui!
simplesmente delirante
Um horizonte de solidão e saudades...
É sempre muito triste!
Um abraço terno Poeta
A foto e as palavras fizeram-me lembrar a morte por acontecer de um dos membros de um casal com mais de 50 anos de vida em comum. Há amores eternos, sim, quando a eternidade é a da vida.
:)
Quantas vezes fiz o mesmo ritual, quanto tempo mantive o prato e o copo e a escova de dentes e tudo o resto no mesmo sítio....
Um abraço forte
As tuas pernas a procurarem instintivamente as dela, e os pés.
que delicia :)
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