(Poema a uma protituta de estrada…)
Vejo-te ai. Tão altiva
Faz anos que por ti passo
Escuto na rádio a canção o “Primeiro beijo” e penso
Que histórias terás para me contar
Como foi o teu primeiro beijo?
Estás ai de pé esperando
Chupas um cigarro como a respirar o último fôlego
Tens contigo o desejo de todos os homens
Desaguando em ti, rios de sémen…
Extravasam em ti
Todas as frustrações reprimidas
E todas as histórias de amar por contar
Quem és?
Não sei.
Calculo que tens um nome.
Observo-te de fugida na beira da estrada
E vejo os anos que por ti passam.
Eras menina/mulher
Hoje és mulher objecto?
Não sei. Quem sou para te julgar?
Aqueces-te nessa fogueira
Enches-te de fumos, envelheces…
Vai fazer dez anos que por aqui andas nesta estrada velha como o tempo…
Hoje dei-me conta desse tempo
Talvez por estar mais velho também.
Não sinto pena de ti
Escolheste esse caminho doloroso.
Imagino o frio que passas
Os tormentos que vives
As humilhações que suportas
Dei por ti hoje
Tão altiva, imponente
Fumando um cigarro
Com a tua saia curta, as tuas botas pretas
Cobiça para o olhar, excitação para o sexo.
Estás ai
Tens arte.
Arte da espera…
João marinheiro ausente
Estrada Nacional 103 Março 2006
Fotografia Google
5 comentários:
Bonitas palavras para tão triste realidade...
Como dizes, quem somos para julgar, são seres que passam por esta vida por caminhos tortuosos, estradas sem fim, pedaços de vidas vendidas a predadores de sexo, instintos animais, que sempre existiu, são formas de vidas escolhidas,umas vezes por necessidade, outras por modo facil e lucrativo...
beijos
Tu sabes como eu gosto desse poema... foi bom relembra-lo... Diz-me, ela continua lá? É que eu sei que o sitio dela ardeu... tenho curiosidade em saber para onde ela foi...
Deixo-te um beijo Domingueiro.
sensibilidade dos olhos que "olham" o outro lado da vida...
beijos com ondas
bonito!
foste tu que escreveste?
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