domingo, janeiro 01, 2023
domingo, março 01, 2015
THOPAGA
NAUFRAGIO - NAUFRAGE – SHIPWRECK
«Diario de Ibiza»:
El `Thopaga´, pailebote de madera de dos palos con base en Eivissa, se hundió en la madrugada de ayer frente a las costas de Bretaña, al noroeste de Francia, tras sufrir una vía de agua cuando se dirigía a la ciudad francesa de Brest para participar en una concentración de barcos. Los nueve tripulantes de la embarcación pudieron saltar sin sufrir daños a una balsa hasta que fueron rescatados.Según la Prefectura Marítima del Atlántico, se recibió una señal de socorro alrededor de las 3 horas de la madrugada procedente del `Thopaga´. Una de las propietarias de la nave, Nicole Legler, explicó que estaban a unas treinta millas de la costa de Brest cuando «el barco cogió agua». «No sé qué ha pasado, si tocamos algo o chocamos con algo flotando en el mar», explicó Legler, que precisó que, pese a haber navegado los últimos dos días con mala mar, en el momento del suceso estaba «todo calmado».
Un portavoz de la Prefectura Marítima del Atlántico atribuyó el origen del suceso al desprendimiento de una de las placas de madera del casco.Los tripulantes trataron de evacuar el agua, pero entraba más de la que extraían, por lo que decidieron abandonar la embarcación. Contactaron por radio con la estación de Salvamento Marítimo de Francia y saltaron a una pequeña balsa de cinco plazas que portaban para aguardar a ser rescatados. Poco después llegó un helicóptero de la Marina francesa, al tiempo que se desvió a la zona, a unos 65 kilómetros al suroeste del cabo de Penmarc´h, una embarcación de la línea Britanny Ferries que navegaba desde España hasta Gran Bretaña.
Cinco de los tripulantes del `Thopaga´ fueron trasladados en el helicóptero hasta el ferry, que continuó con ellos su camino hacia Plymouth. El resto, los otros cuatro, fueron recogidos en un segundo viaje por la aeronave y trasladados a tierra, a una base militar próxima a Brest, ciudad donde se encuentran en estos momentos, entre ellos Legler. Los otros llegarán desde Inglaterra en otro ferry. «Nos hundimos rápidamente. Tuvimos tiempo de hacer lo necesario para coger a todos, las cosas mínimas, y saltar a la balsa. Nadie cayó al agua», afirmó la propietaria de la embarcación, que insistió en que todos estaban bien. «Fue muy doloroso verlo hundirse con las velas blancas» desplegadas, recordó.
El viaje a BrestEl `Thopaga´, construido en 1924, había partido de Eivissa el 23 de junio y, tras hacer escala en Vigo, se dirigía al puerto bretón para participar en una concentración de barcos que se celebra del 11 al 17 de este mes. «La organización esperaba este barco como personalidad de Balears», afirmó Legler, que recordó que todavía cuentan con el Cala Millor, construido en Palma en 1946, cuya llegada está prevista para hoy. «Es una pena. Desde el año 2000 [la organización] quería que el `Thopaga´ participara», insistió Legler.«Es una desgracia que no entiendo. El `Thopaga´ ha ido a Australia, ha participado en muchos eventos de este tipo. Para nosotros y para todos es una gran pérdida», añadió. Preguntada sobre la posibilidad de reflotarlo, la propietaria dijo que estudiarán si es posible, dado que se encuentra a bastante profundidad.
El `Thopaga´ comenzó su trayectoria con el nombre de `Tres hermanos´. En 1926, los juzgados de Águilas y Almería lo embargaron en tres ocasiones. Cuatro años después, cambió su puerto base de la Península por el de Palma, tras ser rebautizado como `Cala Tuent´. En 1932 su propietario lo vendió a una naviera que lo utilizó hasta 1966, cuando fue adquirido por la armadora ibicenca Hijos de Abel Matutes Torres. Doce años más tarde, el barco pasó a manos de los actuales dueños, Circumnavegaciones, que lo rebautizaron como `Thopaga´ y lo restauraron por completo. Su viaje más importante lo haría en 1987, tras ser contratado para asistir como abanderado del Comité Francés a los actos del segundo centenario de Australia, un trayecto en el que se enfrentó a duras condiciones de navegación. Tras esta expedición, el `Thopaga´ no regresaría al puerto ibicenco hasta hace ocho años, cuando estableció su base en la isla.El pasado mes de junio, el Ayuntamiento de Vila anunció que había iniciado el expediente para que el Consell Insular de Eivissa protegiera el pailebote declarándolo Bien Catalogado. Entre otros aspectos, se tuvo en cuenta la intención de los propietarios de conservar Eivissa como puerto de base.
É com um aperto enorme no coração que soube da noticia. Em Novembro passado estivemos todos juntos a bordo a comer e a beber como fazem os marinheiros quando se juntam. Quem anda no mar sabe que a fatalidade acontece sem nos dizer.
Um abraço salgado companheiros. Vemo-nos em Brest
João marinheiro
sábado, novembro 01, 2014
Novembro
Tenho o mundo na tela do monitor
E recortado no aro da porta.
Escrevo-te de memória
Com o desejo na ponta dos dedos
A arritmia no coração
A saudade no olhar…
João Marinheiro
S. Paio de Antas 1 Novembro 2014
Fotografia de Barcoantigo 2014
terça-feira, setembro 02, 2014
Destroços...
Resta-me esta espécie de esqueleto meio submerso, meio
encoberto pelas areias...um dia fui barco, com vida e vidas dentro...Já não
tenho coração embora reste a hélice cansada de tantas revoluções por minuto...Olham-me
e nem sonham quantas milhas naveguei...quantas despedidas no cais, quantas
chegadas...
João Marinheiro 02 Setembro 2014
Fotografia da Net
Fotografia da Net
domingo, março 02, 2014
Blogs que fazem pensar...
Com não sei quanto tempo de atraso venho agradecer a inclusão dos meus blogs nas nomeações dos Blogs que fazem pensar.
Agradeço à Maria do blog; http://ocheirodailha.blogspot.com
À Piedade Sol , http://olharemtonsdemaresia.blogspot.com
E à Morgaine http://newcitadel.blogs.sapo.pt
O terem destacado os meus blogs.
O facto de o terem feito alem de funcionar como um incentivo a mais escrita, é também a responsabilidade de essa escrita ser cada vez de melhor qualidade. Essa a parte difícil, a qualidade. Porque quando escrevo nunca sei o que vou escrever, da forma que escrevo ou se o que fica escrito, era efectivamente a ideia que me passou com a brevidade do relâmpago pelo pensamento.
A todos os que me visitam e me lêem. Aos poucos com quem vou partilhando a palavra amigo. A todos os que me detestam. Aos que já partiram e aos que estão para vir o meu obrigado.
E os nomeados são:
Algevo do blog, http://asfadasnaousambaton.blogspot.com/ pela escrita sentida consentida e entranhada que fica em nós e nos sentidos.
Bruna Pereira do blog, http://abonecadeporcelana.blogspot.com/ pela criatividade da escrita, pelo sorriso que provoca, pelas historias….
Isabel do blog; http://puro-instinto.blogspot.com/ pela paz que se sente a deambular pelas palavras/ imagens
João Gil do blog; http://joaogil.blogspot.com/ pela divulgação da musica e da escrita.
Moriana do blog; http://moriana.blogspot.com/ pelo estado de acalmia a envolvencia de sedas e cambraias em que mergulhamos no seu blog.
A todos os outros que visito e que leio mesmo sem deixar rasto e que também são merecedores de distinção, um abraço. Não imaginam a dificuldade em nomear alguém.
João marinheiro
A todos os que me visitam e me lêem. Aos poucos com quem vou partilhando a palavra amigo. A todos os que me detestam. Aos que já partiram e aos que estão para vir o meu obrigado.
E os nomeados são:
Algevo do blog, http://asfadasnaousambaton.blogspot.com/ pela escrita sentida consentida e entranhada que fica em nós e nos sentidos.
Bruna Pereira do blog, http://abonecadeporcelana.blogspot.com/ pela criatividade da escrita, pelo sorriso que provoca, pelas historias….
Isabel do blog; http://puro-instinto.blogspot.com/ pela paz que se sente a deambular pelas palavras/ imagens
João Gil do blog; http://joaogil.blogspot.com/ pela divulgação da musica e da escrita.
Moriana do blog; http://moriana.blogspot.com/ pelo estado de acalmia a envolvencia de sedas e cambraias em que mergulhamos no seu blog.
A todos os outros que visito e que leio mesmo sem deixar rasto e que também são merecedores de distinção, um abraço. Não imaginam a dificuldade em nomear alguém.
João marinheiro
ausência...
Que segredos guardam os teus olhos...
João marinheiro, Inéditos,Fevereiro 2014
Fotografia de Jorge Bacelar, www.olhares.com
domingo, novembro 24, 2013
Cartas...
Não sei por onde começar
Gostava de te escrever uma carta. Sim, uma espécie de
carta das viagens das idas e das vindas. Das partidas. Dos reencontros. Dos
abraços. Das lagrimas. Dos lenços brancos enquanto o navio se afastava do cais
e nos levava de encontro a Africa e á guerra.
Não consigo escrever-te uma carta.Fomos tão breves os dois, tão breves que dói, e as pontas dos dedos dilaceram-se de encontros ao vazio que ficou.
Gostava de
poder tocar-te novamente. Afagar os teus cabelos e murmurar-te ao ouvido em
ruídos de água na levada que és tão bonita. Olhar-te nos olhos outra vez e ver
o amanhecer do sol sobre a montanha alva onde a neve brilha e o frio nos faz
arrepiar a pele e onde o abraço tem um sentido quente de conforto.
Separa-nos uma linha invisível e a distância entre o
tu e o eu. Existimos os dois por dentro da memória num lugar recôndito e
secreto, onde o tempo não avançou e somos crianças de novo.
Ensinas-me a tabuada e eu ensino-te as palavras
imaginadas, num jogo de apanha apanha, de toca e foge, e eu, sempre que te
tocava, era uma corrente eléctrica que me atravessava. Pena que nesse tempo
tudo era novo e a única luz nas trevas era a candeia de azeite a tremeluzir.
Ainda sinto o cheiro do azeite a arder e na pele o
cheiro da madeira de carvalho a crepitar na lareira.Faltam-me as memórias da tua seara, dos cachos dos teus cabelos loiros como espigas ondulantes, o som do teu sorriso, o contorno dos seios arrebitados ao vento que eu contemplava em contra luz quando sensual, tu, te entrepunhas entre o entardecer do sol e o meu olhar perdido. Nesse tempo existia a inocência em nós e todos os pequenos gestos eram brancos, puros como a cor do amor.
Faltam-me o fogo e o folego e as palavras hoje. Tudo
se confundiu quando os nossos corpos se encontraram na beirada do rio. Lembras?
E as minhas mãos te tocaram a pele das costas, os seios e os lábios sôfregos se
colaram num amplexo novo de excitações e calafrios electrizantes.
Eras uma espécie de perola, sim, tens razão, uma
espécie de perola rara que profanei, espécie de templo secreto na margem do rio
ao sul de nós. Perdemos a inocência pura e o amor deixou de ser branco e
tingiu-se de cores rubras. Nesse dia choveu, e vimos um arco iris a rasgar o céu
e fomos á procura do pote de ouro que estava escondido debaixo da outra ponta
do arco.
Perdemo-nos os dois na floresta. Crescemos. Partimos. Dou-me
conta que foi a ambição do ouro que nos perdeu. Tu eras o metal puro á distância
da ponta dos meus dedos. Tu eras o tesouro escondido que sempre estiveste á
vista, e eu cego não sabia ver-te até ao dia em que deixamos a inocência
desaguar no mar. Ai era demasiado tarde. O nosso olhar confundiu-se e o rubor
tingiu a tua face e os teus olhos afastavam-se dos meus e os meus dos teus, e
eu ao longo da vida nunca mais soube olhar olhos nos olhos com medo de
encontrar os teus outra vez.
Nem sei por onde começar.
Os lugares não existem já, destruíram a montanha e
agora um risco de alcatrão largo separa as duas partes.
João Marinheiro
São Paio de Antas Novembro 2013
Fotografia de Barcoantigo em 2013
domingo, novembro 03, 2013
da ausência...
Quero dizer-te que a tua
falta também me incomoda.
A tua falta também me
incomoda porque a sinto.
E as madrugadas são longas
agora que se aproxima o equinócio de inverno em nós.
Também te quero dizer para
que saibas que gosto de receber cartas. Dou-me conta que não recebo cartas faz
anos por não ter um porto de abrigo certo. Um endereço postal, um sítio. Dou-me
conta.
É bom escrever. Muito bom
escrever, mesmo que seja uma carta a um anjo viajante.
Faz tanto tempo que
abandonei a escrita em mim, e é preciso que me empurres para voltar às palavras
sentidas.
Tens razão, por vezes na
loucura que me assiste ando por ruas sem sentido. Os sentidos são os das
emoções do corpo, e esse repousa como o velho barco na praia alquebrado.
Observo de longe, sou um
espectador furtuito, de ocasião.
O velho lobo-do-mar arfa
aflito, o peito dói, o ar não chega para oxigenar o coração. Doido, um dia
deitou o coração ao mar, jogou-o borda fora por ser um coração inútil. A falta
que lhe faz esse coração mesmo velho e inútil. O lugar dele era ali, bem dentro
do peito, onde confluem todos os caminhos, todas as ruas de emoções. Que
importa que sejam de sentido único ou em contra mão. Só se vive uma vez, só
estamos no exacto momento no milionésimo de segundo no universo imenso do
cosmos, uma única vez. E quando os olhos se encontram acontece um milagre, se é
que existem milagres, ou se expliquem. O coração desacerta-se arrítmico, e
todas as estradas e caminhos são agora avenidas que terminam numa imensa
rotunda onde circulamos de mãos dadas em sentido contrário. Os olhos aninham-se
uns nos outros e o momento é único. No céu um traço de luz rasga a noite, uma
estrela cadente, um desejo, um segredo. Uma jura de amor. Para sempre!
Observo a transformação
operada. Cismo. Para sempre é demasiado tempo…
Todos os anjos viajam, para
isso tem asas alvas de brancura e brisas leves em nuances perfumadas que deixam
rastos, traços de luz, ardência no mar nos dias de lua.
Por vezes eu próprio não sei
se serão anjos ou ninfas ou sereias no meio do mar alto, a imensidão húmida que
se entranha na pele. Por vezes imagino o toque da pele e a medo estendo os
dedos até ao teu contacto breve, electrizante. Então no universo paralelo,
imaginário, desabam os trovões e os raios de luz caem dos céus plúmbeos mergulhando
no mar e centenas de miríades de pequenos flocos de luz tingem o mar em prata e
ouro. As sereias de longos cabelos entoam cânticos enquanto os golfinhos
volteiam em acrobacias fantásticas de alegria e suprema sabedoria.
Sente-se no ar e na brisa o
aroma dos sargaços, o cheiro do sal, a humidade do mar cola-se na pele como uma
segunda pele e o corpo arrefece. O tempo avança monótono e certo na ampulheta,
grão a grão, em voltas e reviravoltas.
Por vezes eu próprio não sei
do tempo deveria saber, deveria saber olhar o tempo como se olha o horizonte a
descortinar uma vela. O mar já não tem velas, é por isso que perdi a noção do
tempo. Abandonei os barcos. Foi isso.
Nunca me perdoaste.
Abandonei os barcos e abandonei a luta pela sobrevivência dos pequenos e frágeis
barcos tradicionais…
Observo o tempo agora a
reencontrar o saber e chove.
Pequenas gotas frias que
percorrem a vidraça em sentido descendente até formarem lagos confinados ao
chão. Parecem rios. Parecem lágrimas e os teus olhos surgem com estrondo por
dentro dos meus alagados.
Não quero que chores, as
tuas lágrimas são preciosas perolas e eu não mereço perolas. A dor que sinto é
uma dor antiga, portanto não me incomoda já, coabita em mim. Não quero que
chores a minha ausência, porque um dia volto, cíclico como as estações do ano
ou o ciclo das marés.
Preciso de me reconstruir
como se reconstrói um barco. Tabua a tabua no lugar certo. Calafetar o coração
com estopa e breu, tapar todas as juntas. Vistoriar o casco, as obras vivas e
as obras mortas. O velame. O poleame. Levantar ferro, armar pano, afeiçoar ao
vento depois deixar ir, navegar rumo ao alto mar num bordo espaçado e longo,
preparar o regresso.
Sei o caminho de volta,
todos os velhos lobos-do-mar, tem as estradas e os caminhos escritos nas estrelas,
as marcas, as conhecenças a terra numa derrota estimada numa navegação á vista.
Todos os lobos-do-mar sabem o norte e a declinação magnética. Os azimutes na
carta, os rumos, os desvios da agulha, a altura do sol, os sinais, o voo das
aves. Só os mascatos voam, voam, voam, milhares de milhas sem regressarem a
terra, só eles nos confundem, porque às vezes nos parecem anjos, só as asas
são de cor alterada, mas á distância de terra é só um pormenor pequeno.
Só os teus olhos são as
luzes do farol que nos guia na noite, os viajantes do mar. Se os apagas como
encontro as marcas do enfiamento á barra para regressar ao meu porto de abrigo
em segurança?
João Marinheiro
São Paio de Antas
Novembro de 2013.
Fotografia de Barcoantigo em 2013
sexta-feira, março 29, 2013
insónia...
Não sei quantos
dos dias ainda serão de chuva,
Não me
importo que seja uma primavera adiada
As flores se
atrasem a desabrochar
As noites são
longas em mim
Não consigo
vencer a falta de sono o desassossego interior
Por vezes
dormes ao meu lado
Por vezes
desenho-te de memória na cama
E percorro as
tuas costas com beijos ternos
Por vezes
acordas e dás-me um abraço apertadinho
Ficamos
aninhados um no outro
Adormeço por
fim…
Mas tudo é
irrealidade em mim
Tu, a tua
silhueta, a tua pele
As formas do teu
corpo despido
Os cabelos na
almofada desalinhados
As tuas mãos
abertas...
E os beijos
São como
gotas da chuva que escorre na vidraça fria
Não passam de
criações do cérebro cansado
O
desassossego interior
O livro
aberto sobre a cama
A falta de
sono…
João marinheiro Ineditos 2013
Fotografia de António Mizael www.olhares.com
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